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Quando persistir e Quando desistir

O mundo provavelmente incutiu em você a importância da paixão e da persistência. A “garra” está embutida em nossos aforismos culturais, do britânico “Keep Calm and Carry On” (Mantenha a calma e continue tentando) ao adágio americano “When the going gets hard, the hard get going” (Quando as coisas ficam difíceis, o difícil continua).

Sucesso – na vida, no trabalho, nas atividades criativas – é sinônimo de manter trabalho duro e constante enquanto acumulamos as 10 mil horas necessárias que Malcolm Gladwell popularizou. Em seu livro “Outliers” ele escreveu que “dez mil horas é o número da grandeza”. O significado por trás disso, em teoria, é simples. Para ser considerado verdadeiramente experiente em um determinado ofício, você deve praticá-lo por dez mil horas.

Há muitos motivos para comemorar a “garra”( a força de vontade). As coisas que mais valorizamos, de relacionamentos significativos a triunfos profissionais, exigem que persistamos em tempos desafiadores. Thomas Edison produziu mais de 1.000 protótipos malsucedidos antes de inventar uma lâmpada funcional. Onde estaríamos se ele desistisse após o fracasso número 500?

Apesar de suas muitas virtudes, porém, é possível supervalorizar a garra. E mesmo idolatrá-la. Tão importante quanto a disciplina para persistir é o autoconhecimento para saber quando desistir.

A perseverança é um ingrediente necessário para o sucesso humano, mas devemos ser ponderados sobre o que estamos perseverando e por quê. Não há nada de admirável em trabalhar obstinadamente em direção a um objetivo que não importa mais para você, e não há nada de vergonhoso em reavaliar seu caminho.

Tanto fatos históricos quanto a experiência de vida nos dizem que uma “garra” inabalável pode trazer tanto consequências negativas quanto positivas. Já em 1965, Lyndon Johnson admitiu reservadamente que a Guerra do Vietnã era invencível, mas sua determinação obstinada em não “ser o primeiro presidente americano a perder uma guerra” o levou mais profundamente a um conflito que se arrastou por mais de uma década sangrenta.

Em um nível mais pessoal, pense em todos os filhos que passaram suas vidas perseguindo as carreiras que achavam mais propensas a ganhar o respeito de seus pais, e todas as filhas que enterraram seus próprios sonhos para cumprir deveres sociais. Ninguém pode duvidar de sua força de vontade, mas o que se tem sacrificado ao longo do caminho?

Quer isso signifique terminar um relacionamento no qual você investiu anos, arquivar um projeto que simplesmente não está funcionando ou simplesmente escolher não ser a última pessoa a sair do escritório na noite anterior a uma grande apresentação, a escolha de desistir pode ser muito difícil.

Ninguém quer se sentir um desistente ou fracassado, e é especialmente difícil desistir de algo que passamos a ver como parte integrante de nossa identidade. Mas nem todos os objetivos precisam ser atingidos, e muitos podem nos custar muito caro em outros aspectos de nossas vidas.

Se um compromisso de longa data não lhe parece mais gratificante, faça você mesmo a avaliação desse sentimento e leve-o a sério. Considere o que não está mais ressoando com você.

Seu processo de trabalho não é mais prazeroso? O futuro para o qual você está trabalhando não é mais o que você deseja? Em seguida, considere que tipo de futuro você quer. Considere quem é que você quer ser, e onde é que você quer ir. Desistir pode ser uma escolha difícil de fazer, mas muitas vezes também é corajosa.

Lidiane

Psicóloga
Lidiane Lopes de Albuquerque
@totally.adhd